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TEXTO COMPLEMENTAR
“Planeta perde 70 espécies de vida por dia”
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“O Estado de São Paulo”, domingo, 17 de dezembro de 1995.
Biólogos alertam para destruição sem precedentes nos últimos 50 milhões de anos
DER SPIEGEL
Era uma vez a Trilidea adamsi, uma bela flor na selva neozelandesa, com formato de tubos vermelhos e frutas cor de fogo. É possível que nessa flor existisse uma substância capaz de curar a AIDS, o câncer ou um dermatite qualquer. Mas ninguém saberá ao certo. Em 1954, floresceu o último exemplar da espécie.
A flor sumiu aos poucos. A princípio, ocorreu uma diminuição do seu espaço vital. Os moradores nativos e os imigrantes europeus destruíram as florestas. Com o desaparecimento das árvores, sumiram também os pássaros que se encarregavam de espalhar as sementes. Finalmente, as plantas foram atacadas por uma raposa que os ingleses trouxeram da Austrália.
A morte desta flor neozelandesa foi o ato final de um drama que está se repetindo em milhares de outros lugares. Está ocorrendo uma mortandade em massa de espécies, sem precedentes nos últimos 50 milhões de anos: por hora morrem três espécies, calcula o biólogo evolucionista Edward Wilson. São mais de 70 espécies por dia, 27 mil por ano. Cada espécie representa um produto único e irrecuperável da vida, desenvolvido no decorrer de milênios.
Ameaça Cerca de 25% das espécies estão ameaçadas de morte nos próximos 25 anos, segundo pesquisadores do Nacional Science Board dos Estados Unidos. O ex-diretor geral de Agricultura e alimentação (FAO), Edouard Saouma, diz que “o futuro da humanidade pode depender do sucesso na defesa da multiplicidade de espécies e de como esse material pode ser usado sem prejudicar a natureza”.
As flores, da mesma maneira que os insetos e as cobras, levam consigo substâncias aromáticas, hormônios e venenos quando desaparecem. Cada uma dessas substâncias é um precioso medicamento em potencial. Além disso, com a perda de cada espécie, o homem prejudica o delicado equilíbrio biológico, que permite a multiplicidade da vida.
Como é possível salvar milhões de espécies ameaçadas pelo Homo sapiens? Justamente nos países onde a natureza mais precisa de proteção, a miséria dos habitantes é maior. E quem pode forçar os moradores do Terceiro Mundo, em nome de algumas libélulas ou papagaios, a desistir de pastos ou de campos agrícolas?
É por isso que mais biólogos exigem uma reforma radical na proteção da natureza. Segundo o botânico suíço Peter Edwards, “a questão não é saber o que a proteção da natureza nos custará, mas o preço da destruição da biodiversidade”. Os pesquisadores vêem aliados nos grandes grupos farmacêuticos. “Para a indústria farmacêutica, a natureza é uma mina de ouro”, comenta a pesquisadora Lynn Caporale, dos Laboratórios Merck. Sua empresa assinou um contrato com o Instituto de Multiplicidade Biológica (Inbio) de Costa Rica. Em troca de uma verba de US$ 2 milhões, o Imbio coleta plantas e animais e envia seus extratos para o setor de pesquisas da Merck.
Figura 23 - Uma das 4 espécies de tartarugas marinhas brasileiras, morta na praia.
“Era uma vez um grão de onde cresceu uma árvore que foi abatida por um lenhador e cortada numa serração. Um marceneiro trabalhou-a e entregou-a a um vendedor de móveis. O móvel foi decorar um apartamento e mais tarde deitaram-no fora. Foi apanhado por outras pessoas que o venderam numa feira. O móvel estava lá no adeleiro, foi comprado barato e, finalmente houve quem o partisse para fazer lenha. O móvel transformou-se em chama, fumo e cinzas. Eu quero ter o direito de refletir sobre esta história, sobre o grão que se transforma em árvore que se torna móvel e acaba no fogo, sem ser lenhador, marceneiro, vendedor, que não vêem senão um segmento da história”. (Edgar Morin)
Figura 24. - Área com reflorestamento.
O reflorestamento é uma atividade vital
para a preservação das florestas nativas,
pois a madeira ainda é um recurso
fundamental para a humanidade.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL X EDUCAÇÃO NO AMBIENTE
Constantemente, Educação ambiental é confundida com uma simples observação do ambiente em seu estado original ou intocado. É claro que para atuarmos na melhoria ou recuperação uma determinada área degradada, precisamos conhecer um pouco das complexas relações ecológicas existentes no mesmo anteriormente. Também é ilusão acharmos possível a reconstituição de toda a diversidade de vida em uma área degradada.
Essas afirmações são importantes para entendermos que a educação ambiental não deve tratar somente de aspectos relacionados ao ambiente natural, como também ao ambiente urbano e social.
Muitas vezes, esquecemos que ambiente como já foi dito acima, não representa somente áreas naturais, onde existam árvores e animais silvestres; nós seres humanos, por exemplo temos o nosso habitat, que é a cidade. Dentro da cidade por sua vez, temos vários outros ambientes nos quais trabalhamos, nos divertimos, temos aulas, e etc.
Para refletir “Educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais – em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais
Figura 25. Neste sentido, podemos definir o conceito de ecossistema artificial, o qual seria segundo a UNESCO “um componente do Ambiente Total (Natural), formado pelos produtos da intervenção do homem sobre o ambiente natural, visando o seu bem estar”. O nosso lar, é o melhor exemplo de ecossistema artificial, ou seja um ambiente criado visando o nosso próprio bem estar. Dentro do nosso lar encontramos vários ecossistemas artificiais, como um vaso, por exemplo.
ATUAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Podemos definir três ambientes distintos para a atuação da Educação Ambiental, e dentro destas possíveis linhas.
1) Ambiente Natural
Desenvolvimento sustentável;
Revegetação/reflorestamento;
Extinção/perda de biodiversidade/Conseqüências;
Trilhas interpretativas;
2) Ambiente social
Cidadania/respeito a valores sociais tais como família, símbolos da pátria, religião, etc.
A importância da vida em sociedade;
Miséria e suas conseqüências ambientais;
3) Ambiente urbano
Deterioração da qualidade de vida nas cidades;
Tratamento dos nossos próprios dejetos. Que fins os levam?
De onde vem a água que bebemos?
Para onde vai o lixo que jogamos?
Figura 26. - O crescimento exagerado e desordenado das grandes cidades,
acaba levando a marginalização e as populações carentes a estabelecerem
grandes de favelas.
Dos seis bilhões de habitantes do globo, cerca de 40% vivem hoje em áreas urbanas. No ano 2000 metade desta população estará nas cidades, e em 2034 as cidades abrigarão 65% da população global. Essa tendência à urbanização vem acompanhada de uma outra - a marginalização de toda ordem em relação a um padrão urbano de vida. Esse paradoxo se faz sentir mais acentuadamente nos países do Terceiro Mundo, que abrigam 75% da população mundial, com parte significativa de seus habitantes urbanos vivendo em situação de marginalidade psicossocial e cultural, aglomerados em invasões (favelas). (Dias, G. F)
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